A canalização ficou pequena: gestão pública ou desculpa evasiva?
Por Alexandre Cruz, Análise Política Hoje
Porto Alegre, outro símbolo de progresso e qualidade de vida no sul do país, vê-se cada vez mais afogada – e não só pelas chuvas. Nesta quinta-feira, a cidade voltou a enfrentar chuvaradas intensas que alagaram diversos bairros. E, como se a chuva não fosse suficiente, a explicação oficial da prefeitura para os alagamentos recorrentes também chegou ontem, por meio do diretor-geral do Departamento Municipal de Água e Esgoto (DMAE), Maurício Loss. Segundo ele, "a cidade não alagou porque os canos estão entupidos, mas porque a canalização ficou pequena". Fica a dúvida: será que a canalização encolheu no governo Melo? Ou será que, mais uma vez, estaremos diante de uma desculpa que tenta camuflar a falta de planejamento e gestão eficiente?
As enchentes na capital gaúcha são uma realidade que tem sido enfrentada pela população há tempos. No entanto, o que deveria ser tratado com seriedade pela administração pública, torna-se uma vaga justificativa. A fala do Loss é um sinal claro de incapacidade da prefeitura em lidar com um problema previsível e recorrente. Se, de fato, o sistema de drenagem da cidade é insuficiente para as chuvas cada vez mais intensas, por que a infraestrutura não foi modernizada? Onde está o planejamento para evitar que a capital gaúcha continue submersa a cada tempestade? Ou será que a administração Melo acredita que a cidade encolheu junto com as tubulações?
Crédito da foto: MetSul MeteorologiaDiante dessa evasiva, entrei em contato diretamente com a prefeitura para obter respostas. Até o momento, no entanto, não recebi retorno às minhas perguntas. Para que a gestão municipal não permaneça no terreno retórico, questione:
A gestão atual considera a infraestrutura de drenagem da cidade suficiente para as demandas de uma cidade que enfrenta eventos climáticos cada vez mais extremos? Se sim, em que se baseia essa conclusão, e se não, quais são os planos de ampliação ou modernização?
Se o problema é realmente o dimensionamento da canalização, por que isso não foi tratado como uma prioridade durante a gestão atual, visto que alagamentos são recorrentes em Porto Alegre?
Quais ações concretas de manutenção preventiva foram realizadas no sistema de drenagem e esgoto nos últimos meses? Existe algum cronograma público de limpeza e desentupimento das redes?
Qual a razão da incapacidade do poder público em se antecipar ao problema do crescimento urbano e das chuvas intensas, que são previsíveis e exigem planejamento a longo prazo?
Há previsão de um novo plano diretor ou de investimentos significativos em infraestrutura de mudança nos próximos meses? Ou a população de Porto Alegre deverá continuar sofrendo com alagamentos em situações semelhantes?
Em relação à fala do diretor do DMAE sobre os 'canos pequenos', como a administração justifica isso diante de anos de alagamentos que já impactam a cidade? Essa explicação não desvia a atenção da falta de manutenção contínua e modernização da infraestrutura?
Por que a gestão do prefeito Sebastião Melo não priorizou investimentos em infraestrutura de transporte desde o início, mesmo sabendo dos problemas recorrentes de alagamentos em Porto Alegre? Quais outras obras estão sendo tratadas como prioritárias em detrimento desse problema?
Essas questões aguardam respostas. Enquanto isso, a capital gaúcha segue fundamentalmente, vítima de uma gestão que parece incapaz de lidar com um problema que se agrava a cada nova tempestade. As chuvas de hoje foram apenas mais um exemplo da vulnerabilidade urbana em que a cidade foi colocada. Esperamos que, assim como as águas, as respostas da prefeitura finalmente cheguem à superfície – antes que Porto Alegre se afogue de vez.
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