Análise Política Hoje

 

Que está em jogo na próxima eleição?

Por Alexandre Cruz, jornalista político

Porto Alegre é uma cidade que sempre foi motivo de orgulho para quem nasceu, viveu ou passou por suas ruas. A mistura de tradição e modernidade, as árvores que sombreavam nossas avenidas e os encontros no Mercado Público são apenas algumas das memórias que formam o coração dessa cidade. Quem, como eu, cresceu entre os bairros Bom Fim e Rio Branco, lembra com carinho da época em que a cidade parecia pulsar com vitalidade e organização.

Hoje, porém, Porto Alegre vive um momento de transição. Nos últimos anos, assistimos a importantes transformações urbanas, mas muitas delas parecem ter perdido o foco no bem-estar da população. A explosão imobiliária, com novas grandes construções se erguendo a cada esquina, questiona o quanto do nosso patrimônio ambiental estamos dispostos a sacrificar. A retirada de árvores em diversas regiões, somada a um trânsito que parece não fluir, cria um ambiente sufocante para os moradores.

A recente enchente foi um alerta de que nossa cidade precisa estar mais bem preparada para os desafios climáticos. As águas revelaram as fragilidades de uma gestão que, embora enfrentando desafios complexos, deixou a desejar na resposta aos momentos de crise. O sentimento que fica é o de abandono, um reflexo de uma cidade que, apesar dos investimentos em obras e infraestrutura, parece desconectada da sua própria gente.

Nas eleições que se aproximam, é essencial refletirmos sobre que cidade queremos para o futuro. Porto Alegre sempre foi uma referência de participação popular, de debate aberto e de protagonismo da sua população. O Orçamento Participativo, que já foi uma marca do engajamento social, poderia ser revitalizado, trazendo a população novamente para o centro das decisões. Precisamos, mais do que nunca, de uma gestão que valorize o diálogo e compreenda as necessidades emocionais e práticas de quem vive aqui.

Porto Alegre merece uma administração que vá além da frieza dos números, que olhe para a cidade como um organismo vivo, com cultura, história e necessidades próprias. Que recupere os espaços públicos, promova a educação e reforce o sentido de pertencimento que sempre foi tão característico dos porto-alegrenses.

O desafio que se coloca não é apenas o de reconstruir estruturas, mas de reconectar a cidade com suas raízes e seu povo. A eleição é uma oportunidade de trazer à tona essa Porto Alegre vibrante, acolhedora e inclusiva, que está adormecida, mas pronta para renascer.

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