'Não desistam de Porto Alegre', declara Maria do Rosário ao aceitar a derrota
Alexandre Cruz, jornalista Análise Política Hoje
Pouco a pouco no domingo de eleição diante da apuração eleitoral, o comitê de campanha de Maria do Rosário foi silenciando, como se uma derrota previsível ficasse deixando sua marca no ambiente. Vindo da rua um som distante de Sonho Meu, um lamento involuntário em forma de samba que parecia tocar para cada rosto melancólico ali presente. O cenário era bem diferente do primeiro turno: havia menos segurança, sem telão na rua, e um número limitado de pessoas fora do comitê. Os familiares da candidatura estavam no andar de cima, acompanhando o movimento dos líderes e apoiadores que circulavam em um clima de fim de festa. Entre os presentes, Edegar Pretto, que chegou recentemente, observava o cenário com um olhar que já conheceu a dor da derrota
A manifestação de Rosário à imprensa foi altiva, um verdadeiro testemunho da democracia: aceitou a derrota, comprometeu-se a entender a mensagem das urnas e prometeu buscar formas de continuar a luta por corações e mentes em Porto Alegre. Em tom de respeito, relatou a ligação com o prefeito reeleito, Sebastião Melo, para cumprir os votos recebidos, e reforçou que, apesar das divergências, o compromisso dela era com a cidade e suas necessidades. “É o nosso povo, nossa gente, nossa comunidade que muito amamos”, declarou.
Durante sua fala, Maria do Rosário contextualizou a derrota local como parte de uma tendência nacional, refletindo a batalha contínua entre o campo popular e a extrema-direita. Para ela, a resposta do Partido dos Trabalhadores deve ser de análise e reflexão, propondo um seminário nacional para discutir a democracia e o futuro do Brasil. Seu discurso não era de resignação, mas de incentivo, lembrando que, mesmo na derrota, o campo progressista segue vivo e vigoroso.
Rosário destacou a questão preocupante da abstenção: Porto Alegre, cidade símbolo de participação cidadã, viu um número expressivo de participantes ausentes — foram 34,83%, ou 381.965 pessoas, que optaram por não comparecer as urnas. “Não desistam de Porto Alegre”, afirmou, uma cidade com histórico do Orçamento Participativo e do Fórum Social Mundial.
No início do dia, ainda no TRE, o presidente Voltaire Morais já expressou preocupação com o alto índice de abstenção, após visitar zonas eleitorais pela cidade. Com o final da apuração, os números confirmaram seus temores: 381.965 votos ficaram desinteressados pela votação. Diante desse cenário, Morais anunciou um seminário para 2025, que buscará estudar as causas da abstenção e entender suas implicações para o futuro da democracia.
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