O perigo da eleição de Trump: implicações para a América Latina e a geopolítica regional
Alexandre Cruz, jornalista Análise Política Hoje
Nos dias atuais, a possibilidade de uma eleição de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos não é apenas uma preocupação estadunidense, mas um sinal de alerta para toda a América Latina. Com um histórico de políticas populistas e uma abordagem agressiva em relação aos governos de esquerda na região, uma possível vitória de Trump poderia catalisar uma onda de autoritarismo. Embora o Brasil e a Colômbia sejam, de fato, países que vivem em um regime democrático e, em muitos aspectos, se identificam com ideais de centro-esquerda, a polarização política e o aumento das tensões sociais nesses locais indicam um ambiente propício a discursos e ações autoritárias . Nesse contexto, a retórica de Donald Trump poderia encorajar líderes locais a adotarem posturas mais extremas, minando os pilares democráticos e comprometendo a participação política de segmentos da população.
Durante seu mandato, Donald cultivou relações próximas com líderes como Jair Bolsonaro, que, ao adotar uma postura alinhada com a ideologia do ex-presidente americano, se beneficiou de um suporte implícito e explícito. Com a perspectiva de um Trump 2.0, é razoável prever um fortalecimento de figuras populistas e autoritárias em toda a região. A administração Donald Trump, com seu discurso contra a esquerda, pode servir como um manual para políticos que desejam explorar esse sentimento de descontentamento popular e marginalização.
As próximas eleições na Colômbia em 2026 também terão sob o espectro da política externa americana. Um governo Trump pode promover candidatos conservadores que buscam alinhar-se a uma agenda de oposição à Venezuela, mirando em Nicolás Maduro como alvo principal. A próxima relação entre Bogotá e Washington poderá ser utilizada para complicações e pressões que visem a desestabilização do regime venezuelano, ou que, por sua vez, poderá ter repercussões diretas nas eleições colombianas. O apoio aos candidatos que prometem uma postura forte contra a Venezuela pode se transformar em uma tática política eficaz, mas perigosa, que alimenta a instabilidade na região.
Um dos cenários mais alarmantes é a possibilidade de uma administração Donald Trump revitalizar a ideia de uma intervenção militar na Venezuela. Durante seu governo, Trump já demonstrou interesse em ações unilaterais e intervenções diretas, e esse comportamento pode ser exacerbado em um segundo mandato. A retórica agressiva contra Maduro poderia se traduzir em operações militares, tanto diretas quanto indiretas, utilizando países vizinhos como a Colômbia como base de operações.
Uma invasão ou intervenção militar não só teria consequências devastadoras para o país caribenho, mas também poderia gerar um êxodo de refugiados e uma crise humanitária de grandes proporções. A desestabilização da Venezuela afetaria diretamente a segurança e a política dos países vizinhos, tornando a América Latina um campo de batalha geopolítica.
Esses riscos não podem ser dissociados de uma reflexão mais ampla sobre a natureza da democracia americana. A frase "os Estados Unidos se tornam uma democracia multirracial ou não serão consideradas uma democracia de fato" é o prefácio do livro Como Salvar a Democracia , de Steven Levitsky e Daniel Ziblatt, que um grande amigo me emprestou. Esses autores, conhecidos também pela obra Como as Democracias Morrem, afirmam que, para que os EUA possam se garantir uma democracia completa e justa, é fundamental que abracem a diversidade racial de sua população, garantindo igualdade de direitos e representação política para todas as raças e etnias.
Historicamente, os EUA têm uma trajetória marcada por desigualdades raciais, desde a escravidão até as leis de segregação e as disparidades atuais em áreas como o sistema de justiça, educação e saúde. Uma “democracia multirracial” implica uma sociedade onde todos, independentemente da cor da pele ou de origem étnica, têm igual poder de voz e participação no processo democrático.
Em contrapartida, a ideia de que os EUA "não serão uma democracia de fato" sugere que uma democracia em que grandes grupos populacionais são sistematicamente marginalizados ou excluídos do pleno exercício de seus direitos políticos não pode ser considerada verdadeira. Isso reafirma que a plena realização democrática depende da inclusão efetiva de todas as raças e culturas que compõem o país. O sistema eleitoral dos EUA, que muitas vezes exclui mais do que inclui, é um empecilho a essa inclusão, perpetuando desigualdades e gerando um ciclo de exclusão.
Diante desse cenário, a urgência de uma mobilização contra políticas que favorecem o autoritarismo na América Latina se torna clara. É fundamental que os países da região, juntamente com aliados democráticos, adotem uma postura crítica em relação a qualquer tentativa de intervenção externa. Além disso, a promoção de democracias inclusivas e multirraciais deve ser um objetivo coletivo, não apenas para resistir às tendências autoritárias, mas também para garantir que os direitos e as vozes de todos os cidadãos sejam respeitados.
Em suma, a eleição de Trump não é um assunto restrito à política americana. Seu impacto se estenderá por toda a América Latina, potencializando autoritarismos e ameaçando a estabilidade regional. A vigilância e a resistência à intolerância devem ser prioridades, não apenas para preservar a democracia nos Estados Unidos, mas para garantir um futuro de paz e inclusão na América Latina. A eleição de Kamala Harris, por outro lado, representaria um fortalecimento da voz progressista e da inclusão, não apenas dentro do território estadunidense, mas também em sua política externa. Embora não devamos ser ingênuos a respeito das limitações que a política americana pode ter, especialmente considerando as intervenções passadas, a expectativa é que sua administração busque promover um diálogo mais construtivo e colaborativo com a América Latina. Isso seria essencial para enfrentar as ameaças autoritárias que pairam sobre a região, com um foco em abordagens diplomáticas e soluções que priorizam a soberania dos países latino-americanos.
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